quarta-feira

Dia 13 = Pontevedra - Portugal



Dia: 01/05/07
Distancia Percorrida: 66,29 Km
Tempo de Pedal: 5h 06m 57s
Tempo total do dia: 6h 30m
Velocidade maxima: 47 km/h
Velocidade Media: 13,6 km/h
Km totais percorridos: 987,84 Km
Mais fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Deixei Pontevedra as 10:00h da manhã, contente por ainda ter dormido em um Albergue de Peregrinos, já que, mesmo fazendo o caminho "ao revés", em direcção a Portugal, é só mostrar a credencial e já estamos "albergados".

Sentirei muitas saudades do excelente ambiente vivido nestes dias. Tinha a intenção de ficar em albergues e pedalar até Lisboa, mas fico sabendo que os albergues do Caminho Português, existem apenas em Espanha, sendo o último em Tui - e muctho male por sinal - que é a última cidade espanhola antes de chegar em Portugal, separada pelo Rio Minho, com Valença.

Os dias que se seguem serão de chuva, e já passo quatro ou cinco dias acompanhado dela, mas independente disso, a grande verdade é que não haveria mais o "astral" a que fiquei habituado nesta viagem, na forma como ela foi sendo construída, e até onde chegou.

Vou pedalar até Portugal e embarcar em um comboio (trem) à Lisboa.

A intensão seria seguir até Barcelos, mas depois de quatro dias de muita chuva e muito vento,,, minhas roupas molhadas por não terem secado na noite anterior,,, o tempo bastante úmido; bom paras as plantas, mas para mim, já começo a ficar encharcado.

Camiões e carros apressados, numa manhã em "autovia" espanhola,,,


Glaicon Emrich - glaiconportugal@gmail.com

Dia 12 = Santiago de Compostela - Pontevedra

Dia: 30/04/07
Distancia Percorrida: 60,27 Km
Tempo de Pedal: 4h 48m 50s
Tempo total do dia: 9h 30m
Velocidade maxima: 50,5 km/h
Velocidade Media: 15,8 km/h
Km totais percorridos: 921,55 Km
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Retornando para Portugal,,,

Dia 11= Portomarin - Santiago de Compostela

Dia: 29/04/07
Distancia Percorrida: 95,21 Km
Tempo de Pedal: 7h 27m 49s
Tempo total do dia: 10h 13m
Velocidade maxima: 54,5 km/h
Velocidade Media: 12,7 km/h
Km totais percorridos: 861,28 Km
Mais fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.


Cheguei! Continua,,,

Dia 10 = Vega de Valcarce - Portomarín

Dia: 28/04/07
Distancia Percorrida: 94,64 Km
Tempo de Pedal: 7h 18m 47s
Tempo total do dia: 10h 34m
Velocidade maxima: 55,5 km/h
Velocidade Media: 13,4 km/h
Km totais percorridos: 766,06 Km
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Continua,,,

Dia 9 = Rabanal del Camino - Vega de Valcarce

Dia: 27/04/07
Distancia Percorrida: 82,61 Km
Tempo de Pedal: 6h 06m 50s
Tempo total do dia: 9h 43m
Velocidade maxima: 58,5 km/h
Velocidade Media: 17,6 km/h
Km totais percorridos: 671,42 Km
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Na manhã de hoje, deixei o albergue de Rabanal sob intensa neblina, mas em uma paisagem deslumbrante, com plantas e cores fantásticas,,,

Mais um pouco de subida, e chegamos na Cruz de ferro, um dos pontos altos do caminho. Aqui existe a tradição de os peregrinos deixarem uma lembrança do seu país, mais especificamente uma pedra. Claro que pequena,,,

Deixei uma pedrinha brasileira e uma de Portugal, meu país por adoção.
E deixei também uma bandeira do Brasil,,,
Agradeci por chegar até aqui, tirei algumas fotos com outros peregrinos e segui meu caminho, aguardando o frio da descida,,,

Um pouquinho abaixo, fica Manjarim, um lugar mágico, com um casal bastante acolhedor.
É pausa certa para um café e um pouco de descanso.

Seguindo o caminho, a neblina enfim desaparece e a descida torna-se incrivelmente alucinante. De novo aos 58 km/h, vento no rosto e muita adrenalina na estrada.

O dia foi longo, mas enfim chego ao Albergue do Brasil. O proprietário deste albergue é o Itabyra, um goiano de Rio Verde. Sou amistosamente recebido pela hospitaleira Cristina Vaz, uma mineira de BH.

As apresentações de praxe, informando-nos os horarios e rotinas do albergue, e logo instalo-me e aproveito para lavar roupas e dar uma "geral" na Lady Laura,,,

Conforme o combinado, a Katia apareceu, e havia também uma alemã, uma polaca, uma inlglesa e um brasileiro, Rony, de SP.

A parada em Vega de Valcarce é estratégica, pois antecede em apenas 6 km um dos trechos mais bravos do percurso, que é O Cebreiro. Uma loooooonga subida.
Fica o real concelho de pernoitar aqui e poder desfrutar a subida do Cebreiro sem esforços exagerados. Mas ainda com muito esforço.

A noite, ao jantar, temos a típica comida brasileira, com direito a doce de leite na sobremesa,,,
Itabyra e Cristina, muito obrigado!

Dia 8 = Léon - Rabanal del Camino

Dia: 26/04/07
Distancia Percorrida: 83,53 Km
Tempo de Pedal: 6h 09m 40s
Tempo total do dia: 8h 47m
Velocidade maxima: 46,5 km/h
Velocidade Media: 17,6 km/h
Km totais percorridos: 588,80 Km
Mais fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Meus queridos amigos, mais uma vez agradeço-vos pelos comentarios.
Ontem tive um fim de dia maravilhoso, e agora agradeço a Ele!

Apesar da chuva que caía sobre a cidade de Leon, assim que a Katia chegou ao albergue, instalou-se e tratamos de sair para passear pelas principais "calles" (ruas) da cidade. Nós e nossos "ponchos" impermeaveis, que são parte fundamental do vestuario de todo peregrino. É leve, não ocupa muito espaço e existem em várias cores, sendo a nossa identidade visual.

A Catedral de Leon é magnífica!! Depois, bebemos uns cafés, visitamos uma exposição, artes e histórias, muitas histórias,,,
"No saber lo que ha sucedido antes de nosotros es como ser incesantemente niños." (Cicerón)
Combinamos de nos encontrarmos no albergue brasileiro, na cidade de Vega de Valcarce, daqui a dois dias. Como ela faz parte do percurso de onibus, nossos encontros são por vezes possíveis e muito engraçados.

Deixei o albergue municipal de Leon as 07:20h e rumo a mais um dia da minha jornada à cidade de Santiago. Mais uma volta de bike, bem cedo. Adoro fazer isto, pois permite-me pedalar, observar a paisagem, e tirar fotos com mais sossego. Depois, é pedal na estrada.

Por volta das 12:ooh, parei em Astorga. Clicando os detalhes da beleza de sua catedral, uma peregrina pergunta-me se a mesma estava aberta. "Creo que nó", respondo; e, depois de trocarmos algumas poucas palavras, perguntei-lhe se era brasileira. "Sou. rsrsrs". Rimos um bocado, pois finalmente ambos escutaríamos o "nosso" português,,,
Mariana Meyer, 26 anos, advogada em Curitiba.
Lembrei-me de ter lido um recado de uma brasileira; no meio de uma salada de línguas; que "Mariana, de Ctba" havia escrito no livro de registos do albergue de Estella.
Faz o caminho a pé, sozinha (mas também nunca solitária), e tem amigos em Portugal, bem próximo de onde eu moro.
Temos uma amiga em comum e, depois de tantas coincidências, fomos beber um café com leite e "tortillas", pra esquentar o estômago.
Aguardo a tua visita em Portugal Mariana! Buen camino!

O resto da tarde foi pedalando sozinho, embaixo de muita chuva e frio.
Parei em uma "Ferreteria", e comprei luvas de látex. Camisinha para as mãos, pois a luva da bike não é impermeável.
Nesta altura, o saco plástico que protegia meus pés não mais os protegia da água. Assim, vi-me subindo uns montes a cerca de 1.000m de altitude, completamente encharcado.
Alterei meus planos, pois imaginei o quanto de frio iria ter que suportar para descê-la a
4o km/h,,,

Fiquei em Rabanal del Camino, no pico da montanha. Um albergue fantástico, N. S. do Pilar.
Tratei logo de um banho bem quente, e roupa seca. Mais café com leite e um "bocadillo de jamón" (sanduiche de "presunto de parma", para os brasucas; ou de presunto, para os tugas) enquanto esperasse pelo jantar. Hoje não quero sair debaixo do saco de dormir.
Faz muito frio aqui em cima, e ainda bem que existe calefação nos quartos.
Fui dormir cedo, sem mesmo ouvir os roncadores,,,

Dia 7 = Sahagun - Léon

Dia: 25/04/07
Distancia Percorrida: 66,26 Km
Tempo de Pedal: 4h 46m 20s
Tempo total do dia: 7h 33m
Velocidade maxima: 45,5 km/h
Velocidade Media: 17,6 km/h
Km totais percorridos: 505,27 Km
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Deixei Sahagun bem cedo, por volta das 07:00h, e já na saída tive que me preparar para a chuva. Muita chuva e vento.
Já havia pedalado na neblina, neve, frio, vento, nublado e sol, muito sol. Faltava a chuva.
E que bom que ela veio, fina, mas constante. Em todos os povoados, ouvimos que a falta de chuva vem trazendo perdas na lavoura, e que a cada ano a situaçao piora,,,

No caminho parei em um povoado para recuperar as energias e beber um café com leite bem quente, para aquecer. Foi incrivel ver uma senhora que acabara de chegar em seu trator, para abrir o bar. Fui o primeiro cliente do dia, e ela achou graça quando mostrei-lhe, em um mapa, onde fica o Brasil.
"- Mui distante, deve estar mutcho cansado!" Expliquei-lhe que estava em Portugal,,,

Cheguei em Leon por volta das 14:00h. A ideia era apenas trocar as meias, que estavam encharcadas, almoçar, "calçar um saco plastico nos pes" e seguir caminho, e, mesmo com disposiçao para pedalar mais quilometros, resolvi parar para colocar "a casa em ordem". Ler emails, actualizar o blog, lavar umas roupas, e tentar colocar algumas fotos. Mas colocar fotos, ainda nada,,,

Todos os albergues municipais possuem internet, mas, dependendo da hora, existem muitas pessoas na fila de espera. Geralmente sao turnos de 15 a 30 min para cada um, e nao existem conectores para descarregarmos a maquina digital, ou as conexoes sao muito lentas.

No mais, estou na net desde as 15:00h. Agora sao 18:00h, e vou dar uma volta na cidade com a Katia, que acaba de chegar! E a chuva abrandou!


Um grande beijo e abraço a todos voces que vem pedalando comigo e deixando mensagens de apoio. Obrigado pela força! Mesmo! Nao imaginam o quanto de animo que isso traz!

Ultreya!

Dia 6 = Castrojeriz - Sahagun

Dia: 24/04/07
Distancia Percorrida: 87,77 Km
Tempo de Pedal: 6h 16m 13s
Tempo total do dia: 9h 27m
Velocidade maxima: 48,7 km/h
Velocidade Media: 14 km/h
Km totais percorridos: 439 Km
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Levantei-me as 6:00h. Tomei o café da manha com a Katia e mais tres peregrinas argentinas.
Hoje o dia é duro já no começo, com uma longa montanha para vencermos.

Todos sairam na frente enquanto eu arrumava as minhas coisas. Mais tarde cruzaria com eles pelo caminho. Isso é diário, geralmente sou o ultimo a sair do albergue e despues vamos nos encontrando ao longo do dia,,, vou passando, desejando um "buen camino" e dizendo "adíos", e talvez nunca mais nos veremos. Sao pessoas que entram nos vagoes da nossa vida, e logo vao descendo nas suas estaçoes, mas enquanto estivermos no mesmo vagao, que aprendamos alguma coisa.

Posso dizer que depois de um grande esforço, seja a subida de um monte, seja o fim de um dia, seja o sacrificio que for, encontrar um peregrino e ve-lo abrir um sorriso largo e a desejar-nos um "buen camino", ou um simples acenar de cabeça, faz-nos mais fortes e grandes.
Isso é muito importante para alcançarmos os nossos objectivos.

Posso dizer também que, de nossa parte, oferecer um sorriso, um apoio, um gesto, ou um simples e cumplice olhar, faz-nos mais fortes e grandes, e isso tambem é muito importante para alcançarmos os nossos objectivos.

Talvez pela distancia percorrida no dia de ontem, ao fim deste dia senti-me bastante cansado, mesmo com o caminho paralelo a "la carretera" (rodovia).
Finalmente cheguei em Sahagun, e, solitariamente, tratei de ir ao supermercado comprar o jantar e meu café de amanha. Tao faminto estava que coloquei canela moida na lasanha, achando que era pimenta moida,,, mas estava uma dilícia.

Fui deitar-me bem cedo, sem dar a menor importancia ao barulho causado pelo grupo de ciclistas que acabara de chegar. Mais pareciam piratas. Mas como "ñ julgar" deve ser um lema, na manha segunte juntei-me a mesa e nos conhecemos um pouco mais.

Buen camino!

segunda-feira

Dia 5 = Belorado - Castrojeriz

Dia: 23/04/07
Distancia Percorrida: 96,61 Km
Tempo de Pedal: 7h 12m 25s
Tempo total: 10h 12m
Velocidade maxima: 55,5 km/h
Velocidade Media: 13,4 km/h
Km totais percorridos: 351,23 Km
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Hoje resolvi dar uma "esticada" no pedal para analisar como meu corpo se recupera.
Embora a distancia tenha sido longa, ñ haviam subidas desgastantes, tampouco temperaturas elevadas. Assim, despúes de analisar meu guia, pedalei a Castrojeriz.

O dia correu bem, mas dentro daquilo que imaginava.

Ao cjegar em Castrojeriz, fui a procura do albergue, como sempre.
Qual o meu espanto quando vejo que, para chegar ao albergue, teria que subir uma escadaria sem igual! E com a bike carregada!

Deixei a Lady Laura e subi sozinho. Ao chegar fui recepcionado por duas bonitas e jovens hospitaleiras. Estaria sonhando? Milagres del camino?? Obrigado Santiago, isso faz bem a vista e reacendem-nos os animos,,,

Antes de chegar ao albergue, pude observar que a cidade era bastante deserta, com várias placas de casas para venda. Parecia uma cidade fantasma, daí o meu espanto quando encontrei as jovens guapas.
Enfim, receberam-me com um sorriso amigo no rosto e, depois de apresentarmo-nos, e carimbos de praxe, deixei uma contribuiçao de 5 euros, já que ñ havia preço fixo.
Perguntei onde poderia deixar a bike. Responderam-me que era lá embaixo mesmo. Ainda bem que ñ subi com tudo,,,

Uma das meninas me acompanhou até a garagem, Bárbara. Quiz ajudar-me a subir com os alforges, mas, mesmo cansado, como poderia deixar uma beleza daquelas carregar peso? Acabei por entregar-lhe apenas minha pochete, e entao ouço um "Glaicon, Glaicon,,," hehe gostei.

Instalei-me, tomei meus banhos de água e gel, e fui a procura de comida, já que o único supermercado do povoado estava fechado, e a soluçao seria ir em uma taberna, e comer um menu "del dia".

Ri sozinho quando percebi que a unica opçao de comida, estava também fechado. E já retornava para o albergue, consciente e aceitando que meu jantar estaria resumido a duas bananas e meio pao, que trazia comigo desde cedo. Talvez comprasse uma coca cola.

No retorno ao albergue encontro uma jovem peregrina solitária, e ela pergunta-me, em español, onde fica o albergue. Nos apresentamos. Katia é o seu nome, italiana, de Roma, começou o caminho em Burgos, e pretendia alugar uma bike, mas ñ conseguiu. Agora, vai a pé. Ofereci-me para carregar a sua mochila e, na direçao do albergue, resolvemos ir a "busca" de algo para comer.
Passaram alguns cachorros por nós, mas como eram muito magros, deixamos de lado. Ríamos bastante, e a cidade parecia mesmo uma "cidade fantasma".

Por "sorte", a senhora do mini mercado apareceu "do nada", e a abriu o seu "estabelecimento". Como ñ havia nada pronto, nem por fazer, sugeri à Katia que fizéssemos o jantar no albergue.
Comprei massa, atum em lata, azeitonas, cogumelos e molho de tomate. Enfim, compramos o que havia no mercado, já que metade dele era de cigarros e guloseimas infantis.

Fomos ao albergue e qual ñ foi a nossa surpresa quando percebemos que ñ havia cozinha!!!
Olhamos um para o outro, e para o saco do supermercado.
Neste momento vimos outros rapazes hospitaleiros, e a Bárbara dirigiu-se a um deles e depois veio até nós, oferecendo a casa para que eu preparasse o jantar. Obrigado Bárbara!! Bár ba ra!

Enquanto a Katia ia para o banho, eu ia para a casa da Bárbara, que fica bem proximo dali. Disse-me que a família estava a tomar conta do albergue, que eles eram da cidade de Burgos, que a outra jovem era a sua irma, e o rapaz, noivo da irma. Hummm,,, Deixei meus contactos com eles, para o caso de aparecerem em Portugal. Gostaria de poder retribuir a hospitalidade.

Preparei o jantar e oferecemos também aos outros peregrinos. Carinhosamente a Katia disse-me que estava delicioso, mesmo. Rimos bastante, pois era uma massa, preparada por um brasileiro, que mora em Portugal, para uma italiana, em Espanha! "Coisas" do Caminho,,,

Ficamos na conversa até altas horas, e combinamos de nos encontrarmos em Léon, dois dias depois. E também de pedalar na Itália; na Grécia,,,
A noite estava linda, com céu limpo e milhares de estrelas. Isso é o Caminho de Santiago de Compostella. Compostella = campo de estrelas,,,

Foi uma ótima noite! Fim de um belo dia!
Obrigado!

Dia 4 = Logroño - Belorado

22/04/2007
Distancia Percorrida: 72,35 Km
Tempo de Pedal: 6h 26m 44s
Tempo total: 9h
Velocidade maxima: 48,5 km/h
Velocidade Media: 11,2 km/h
Km total percorridos: 254,57 Km
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Pensava em terminar esta jornada na cidade de Nájera, que fica a cerca de 40 km de Logroño.
Mas o caminho foi sereno, mesmo com aquelas montanhas e com os 38ºC sobre o capacete.
Assim, cheguei em Nájera pelas 14:00h, indo direto ao albergue de peregrinos carimbar a credencial. O albergue abriria somente as 16:00h, mas o hospitaleiro, muito gentil, fez-me o favor de carimbá-la. Mais um sellito pasra colecçao,,,

Já passava da hora de "carimbar" alguma coisa no estomago, e agora a procura era por um restaurante ou supermercado.
Sinceramente, pouco me interessam os restaurantes com seus "menu del peregrino". O que mais satisfaz-me é "invadir" um supermercado e comprar as guloseimas, para entao fazer um pic-nic embaixo de uma arvore, na sua sombra, na grama, rodeada de flores; ou mesmo embaixo de uma ponte antiga, ou atras de uma "iglesia", ou na porta de uma fabrica de cerveja.
Paes, presunto, queijo, alface, tomate, iogurte, coca cola gelada, e as inseparaveis bananas (plátano). Como cai bem isso,,, e, de sobremesa, chocolates. Muitos. Aliás, um dos prazeres que tenho ao terminar minhas pedaladas é poder comer, sem remorsos, os meus 3 ou 4 kit kat. Mui bueno,,, y yo preciso de energías,,,

Ainda era muito cedo e as cidades sao razoavelmente pequenas, o que permite-nos conhece-las e fotografá-las em cerca de uma hora. Decidi ir um pouco mais adelante.

Ainda estava esticando as pernas na grama quando aparece, "do nada", a minha amiga Graziella. Que surpresa agradável! Eu já estava de partida, mas resolvi ficar mais um tempo e acompanha-la em seu almoço. Havia também outra mulher, Kaia, que veio da terra do Papai Noel, Finlandia. Kaia nao fala nada de espanhol, e fui o seu interprete para pedir o almoço. Espero que eu tenha acertado na escolha. Já ñ lembro-me o que pedi, mas como ela queria algo com sal, ñ foi difícil escolher no menu. Pela vontade com que ela comia, acho que acertei mesmo.

Elas comeram, e nós bebemos um vinho, e brindamos a vida e as alegrias do caminho!! Rimos, mais emoçoes, mais fotos. Pude saber um pouco mais da Grazi, e soube que ela faz parte de uma associaçao que cuida de crianças carente no Peru. Esta italiana ñ perde tempo,,, demais. Fez-me prometer que irei à Italia, e disse-me que tem 3 filhas lindas, mas que uma é já é casada,,, hehe

Despedimo-nos! Sabe-se lá quando nos veremos novamente,,,
Segui meu caminho, e ela o dela. O mais importante é que durante o tempo em que nossos caminhos se cruzaram, a troca de energias foi fantastica e emocionante. Juntos ganhamos com isso. Obrigado Graziella! Prometi enviar-lhe todas as fotos das flores que eu captar pelo caminho, e assim será.

Seguindo meu rumo, passei por Santo Domingo de La Calzada. Neste povoado existe uma Catedral, onde tem um galo. Até aí, nada de mais.
Mas existe também uma estória, onde diz, resumidamente, que, há séculos, um homem iria ser enforcado por um crime que, alegadamente, cometera. No dia da execuçao, a mulher deste homem foi aos lideres da comunidade, novamente, implorar pela inocencia do marido.
Mais uma vez os lideres riram-se da senhora, e um deles disse que a inocencia daquele homem era tao verdade quanto a possibilidade do galo, que estava na cozinha, a ser escaldado para o almoço, cantar depois de morto.

Mas assim foi: no momento em que foram dar a primeira garfada no bicho assado, sobre a mesa, o dito cujo cantou!! Cantou e livrou o homem da forca!
Desde aí, todos os peregrinos que passam pelo povoado dirigem-se à catedral, e quando o bichano canta, significa que o peregrino terá boa sorte um sua caminhada.

Mas hoje ñ havia galo para cantar, pois a catedral estava fechada. Ñ me preocupei, pois ainda ontem estava na mesa de jantar a ouvir o italiano Alberto "Galo" a cantar com sua gaita, as suas cançoes. Para mim e mais 3 pessoas. De uma forma ou de outra, em meu caminho, eu ouvi o galo cantar.

A passagem por S. D. de La Calzada foi breve; pois é bem pequeno. Dirigi-me entao para Belorado, e pretendia passar a noite ali .

O sol estava a escaldar-me, e nada da chegada de Belorado. Depois de muito sufoco, entrei em um povoado para tomar um sorvete. Foram dois cafés e dois Magnum. Delícia e energia para pedalar por mais 11 Km de subidas e descidas.

Finalmente chego a Belorado e procuro pelo albergue. Legal! Encontro-o, finalmente! Mas vem o hospitaleiro e diz-me que ñ havia mais "plazas" (vagas), e que deveria ir para o outro povoado, que ficava "somiente a 6 km"!!!
Quando ele me disse isso pensei: "Fala sério Sr. hospitaleiro!!! Ñ tenho mais forças nem para descer da bike!!" e ñ sei mais o que pensei, apenas disse, no meu mais sofrido e arranahdo espanhol: "Señor, yo estoy bastante cansado. Puedo dormir em la grama de su quintal???

E ele fica a me fitar, no fundo dos meus olhos, talvez para ver se era verdade,,, Perguntou-me de onde eu era. E eu, P* da vida, penso: "Po, este sujeito além de nao me ajudar, ainda quer saber de onde eu sou? Pra que? Pra marcar lá no caderninho que negou vaga pra um cidadao de ñ sei onde".
- Brasileño señor, mas vivo em Portugal a 4 años, e venho de Logroño, desde hoje pela mañana.
- Neste sol? Indaga ele.
- Sim, señor. É o nosso caminho, cierto? E hoje vou dormir em qualquer lado, mas ñ pedalo mais, mas mutchas gracias,,, e comecei a dar meia volta.

Ele pede-me para esperar, e logo volta com a esposa e com um molho de chave nas maos.
A chave é da casa deles, que fica por cima do albergue. Ainda em obras, está desativada, e por isso ainda ñ habitam. Mas estava espetacularmente própria para uma noite peregrina.
É um bonito apartamento, com água quente etc. O unico senao seria a poeira, mas que em nada me incomodou.

Solicitei o carimbo na credencial e perguntei o preço do pouso. Eles ñ queriam cobrar-me o valor do albergue, mas fiz questao de pagar os 7 euros, mais 3 euros de desayuno (café da manha).

Instalei-me. Tomei um otimo banho, e também um "banho" com gel para dores musculares.
Fui para a varanda, descansei os pés ao sol, cortei as unhas e bebi uma cervejinha, ñ necessariamente nesta orde. De ferro, só a Lady Laura!

Ouvi o chamado do Rámon e esposa. Estava servido o jantar, delicioso, a 8 euros para cada.
Já havia dito que jantaria com eles. Massa com chouriço, churrasco, peixe com ervilhas, paes e sumos.
Agora sim, o primeiro jantar a sério que eu saboreava em dias. Regado a um vinho mais delicioso ainda, tradicional da regiao de La Rioja.
Por fim, estavamos todos reunidos em sua mesa de jantar: Eu; dois jovens espanhois das Canárias; o Fernando, de Madri; uma moçoila que nao entendi o nome, nem de onde era; uma alema, que nao falava nada, mas ria-se muito; e um koreano, figuraça, que disseram-me depois ser sempre o primeiro a deixar o albergue, com uma lanterna ao peito, a iniciaa o seu caminho ainda na escuridao.

Quase tomamos um porre, e, na medida em que degustava o vinho, falava mais facilmente o espanhol,,, coisas de La Rioja,,,

Depois disso fui dormir. Meio tonto, mas sem fome, descansado, e muito feliz!

Mutchas gracias Ramón e espero que tenham gostado da bandeirinha do Brasil que deixei em vossa mesa!

Dia 3 = Estella - Logroño

Distancia Percorrida: 50,39 Km
Tempo de Pedal: 5h 10m 53s
Tempo total: 9h
Velocidade maxima: 52,5 km/h
Velocidade Media: 9,7 km/h
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Primeiro de tudo, muito obrigado a todos pelas demonstraçoes de carinho, isso realmente emociona e dá-nos força para superar os desafios.

So, sai de Estella as 08:00h de la mañana. Como praxe, levantei-me cedo, a las 6, com todos os peregrinos. Acordar ao som de Bob Marley, nas alturas, foi lindo! O Albergue Municipal era espetacular. Uma grande mesa de café da manha, com todos repartindo aquilo que foi comprado na noite anterior. Muita simplicidade, mas muita fartura,,,

Ñ escrevi isso no dia anterior por falta de tempo, mas ao fim do dia de ontem, quando dirigia-me para o meu beliche, para dormir, uma senhora que estava na cama ao lado puxou conversa; Graziella, uma italiana com seus 60 anos, uma energia só! Percorre o caminho a pé, mas esta fazendo parte do percurso de onibus, pois tem o joelho bastante machucado.
Ficamos na conversa até que apagassem as luzes. Ainda bem que ela "habla español", e eu no "portunhol", e no meu "bad english",,,

Enfim, entreguei-lhe um dos meus dois tubos de gel, para dor muscular, que levava comigo, já que o joelho tb é meu problema. Neste momento, pude ver seus olhos encherem-se de água, e claro que o meu idem. Identificamos algumas afinidades em comum, e rimos bastante disso tudo.

Ao levantar-me pela manha, encontro em minhas coisas um chocolate que ela deixou, carinhosamente, sem eu perceber. Esperou que eu montasse na bicicleta para tirar fotos e después despedimo-nos, com a certeza de que talvez nunca mais fossemos encontrar-nos.
Foi muito bonito.

Parti para o meu caminho. O dia foi bastante duro, por várias vezes tive que descer da bike para poder vencer os obstaculos, entretanto se torna cada vez mais compensador! Vale cada esforço, suado, aguerrido,,,

Depois de 5 povoados, cheguei em Logroño, e resolvi parar, pois dois motivos: um, pois ouvi meu joelho dizer ao corpo para ter piedade! E 2 porque a cidade é simplesmente linda! Na primavera entao,,, Procurei pelo albergue municipal e surpreendi-me com a organizaçao e tamanho do dito cujo. Fiquei por lá mesmo.

Agora estou na primeira cidade da regiao de La Rioja, e deixo para tras a regiao de Navarra. Ate chegar em Santiago, faltarao outras duas regioes, Castilla Y Leon e Galizia.

Ao instalar-me no albergue, resolvi dar uma geral na Lady Laura, pois era barro que só.
Estou lá concentrado e entao ouço meu nome. Era a Graziella! Que felicidade que foi aquele momento. Ela foi de onibus e, "coincidentemente" instalou-se naquele albergue,,, coisas do caminho,,,

Fomos passear pela cidade, e depois juntamo-nos a um grupo no albergue: Duas portuguesas, Fatima e Carmo, do Porto; um sueco da minha idade, Thomas, um italiano figuraça, Alberto, sessenta e tantos anos, ex alpinista, ex-marinheiro, ex sei lá o que mais, so sei que ele fala 5 linguas e ficamos todos ouvindo e cantando suas muisicas na gaita. Jantamos e fomos dormir,,, Saudade desta gente ,,,

sexta-feira

Dia 2 = Huarte - Estella

Distancia Percorrida: 60,34 Km
Tempo de Pedal: 5h 33m 45s
Tempo total: 9h
Velocidade Maxima: 58,5 Km/h
Velocidade Media: 10,8 Km7h
Fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Pelas oito da manha deixei o albergue de Huarte, depois de um cafe da manha bem reforçado, parti para a Pamplona, que fica a apenas 6Km de onde eu estava.
Pamplona é realmente muito linda. Seus parques muito bem cuidados, muito colorida, ainda mais na primavera. Tulipas, rosas, margaridas, muitas flores em seus jardins. Com tantas flores, como podem amar as touradas? Ou famosa corrida de "toros", pelas ruas. Alias, to sempre torcendo para o bicho,,,
Fiquei um bom tempo pedalando por ali. Parava em um parque, tirava fotos, e visualizava um pouco de historia,,, Carlos Magno, Sancho, Carlos III, e por ai vai,,, Tomei um "cafe sollo" e pedi indicaçoes de como seguir,,,
Parti em direcçao a Puente la Reina, que poderia ter sido o fim desta etapa, mas como ainda estava cedo, e "cheio de gas", optei por avançar ate Estella. Sufoco!
Em Puente la Reina, "almocei" meu lanche Olhei o guia e vi que a distancia era razoavelmente curta, e que faria tal percurso em cerca de 2 horas. Pedala, pedala, pedala, e nada de chegar a Estella.

Alternava o caminho antigo, e a carretera. Alguns trechos do caminho antigo sao intransponiveis pedalando, o que fazia com que tivesse que descer e empurrar os 40 Kg, em subidas cheias de pedras soltas. E prta descer???
Santiago ajuda, e fui "escorado" nele ate o fim da etapa.

Hoje cruzei com cerca de 20 peregrinos a pe. Ainda nao vi ninguem de bike. Estou em um Albergue muito simpatico, e, atras de mim esta um falatorio com uma salada de linguas.

Uau, meu tempo na net esta acabando, depois continuo!!!!

quinta-feira

Dia 1 = Saint Jean Pied Port - Huarte

Distancia Percorrida: 71,47 Km
Tempo de Pedal: 6h 33m 56s
Tempo total: 9h 30m
Velocidade maxima: 58 km/h
Velocidade Media: 10,8 km/h
Mais fotos deste dia: Aqui.
ou
Aqui.

Quando eu disse que ñ ia planejar muito, ñ foi a toa. Nunca esperava pedalar, no primeiro dia, a distancia que pedalei hoje. Mas assim foi, e assim e o caminho.

As 6h da matina estava de pe. Acordei junto com todos os peregrinos, ate porque e muito dificial continuar dormindo com a barulheira de sacos plasticos, ziperes e feixes de lanterna. Enfim, quando saio no quintal do albergue, com minha lanterna, para recolher algumas peças de roupa que havia lavado no dia anterior, espanto me com a neblina. Absurda! Ninguem enxergava o que fosse, a mais de 5 metros a frente.

Enquanto todos arrumavam as suas coisas, haviam cerca de 15 pessoas neste dia, a senhora hospitaleira fazia um cafe e preparava a mesa para o lanche. Adorei esta senhora, mas nem consigo dizer o nome dela, pois ñ entendi quando ela me falou, nas 3 vezes. Enfim.
Tomo o meu lanche e acabo de arrumar os 17 Kg na bike. Pelas 7:3oh estava deixando o albergue e tambem a cidade de SJPP, em direcçao a Roncesvalles. Depois de anos a imaginar como seria, começava a realizar um sonho. No caminho, ainda em SJPP, muitas flores em muitos jardins,,,



Estava preparado psicologicamente para a subida dos Pirineus, mas devido ao barro, o caminho pela Rota de Napoleao ñ era o mais indicado para ciclistas, diziam os hospitaleiros. Segui a dica e parti pela Rota de Valcarlos, atraves de "la carretera", mas tambem nada de sossego. Em toda a subida, a velocidade fica entre 3,9 e 5 Km/h, e, nesta velocidade baixa, ate uma pequena pedra pode derrubar nos, pois o equilibrio fica complicado. Por conta disso, quase fui ao chao em duas ocasioes, e quando vi aquilo que poderia me derrubar, pensei: "temos que dar mais valor para as pequenas coisas,,," hehe ensinamentos do caminho,,,

A neblina abaixou pelas 9:ooh, e pude entao desligar as lanternas traseiras. Fica aqui um elogio aos motoristas espanhois: Em nenhum momento senti algum risco devido a imprudencias ou falta de respeito no transito. Impecaveis.


Pedala, pedala, pedala; sobe, sobe, sobe. Nada de descidas,,,

Quando vejo no relogio, sao 12:ooh. Sabia que nos Pirineus deveria lanchar por minha conta, e ñ esperar chegar em Roncesvalles, pois passa da hora,,, Parei a bike em uma sombra, comi bananas, chocolates, barras de cereais e madalenas. Estiquei a minha esteira e dormi. Dormi legal, acho que ate sonhei. Em um momento acordei com medo de rolar la pra baixo,,, e mudei de posiçao,,,
Meu despertador toca uma hora depois. Quando tento levantar me: caibras na perna.
Uns alongamentos e vamos com tudo,,, um pouco de neve, mas na boa,,,

Se subimos muito, temos que descer muito, e a descida dos Pirineus foi fantastica! 58 km/h, curvas e mais curvas, e a Lady Laura começa a "rebolar". Gelei. Resolvi ñ passar mais dos 50 km/h.
Cheguei em Roncesvalles pelas tres da tarde. O albergue so abriria as 16:oo, e, de ante mao, senti que nao iria haver vagas, e, alem disso, tinha acabado de "vencer" os Pirineus, queria pedalar mais! Peguei o carimbo na Igreja, mesmo com os outros peregrinos a esperarem pela abertura. Assim que cheguei em Roncesvalles, sentei me em um banco de praça e um senhor bem velho meteu conversa comigo. Disse que ja tinha pedalado de Amsterda ate Santiago de Compostela, enfim, ficou lembrando do seu passado ciclista e rimos muito. hehe Foi um barato. E por fim, depois de explicar que infelizmente ñ iria pegar o carimbo ali, ele me pede a credencial e diz me que aguarde um instante que ele faz questao de carimbar pra mim, ja que e ele o hospitaleiro. hehe Me deu a dica de seguir ate Zubiri, cerca de 21 Km a frente.
La vou eu. Despeço me de um italiano figura que estava no albergue comigo em SJPP e entro, pela primeira vez, no Caminho antigo, mas fico apenas ate Espinhal, pois a partir dai as condiçoes estvam mesmo mal.

Volto para a carretera, chego em Zubiri, mas resolvo esticar ate Larrasoaña, alguns km a frente. Cheguei ja um pouco cansado, mas contente. Entro no albergue e vejo que ñ ha vagas. Mas como? To cansado!! Penso em ficar em uma pensao, mas, sigo o conselho da hospitaleira e pedalo mais 9 Km, ate Huarte. Mas carimba aqui por favor senhora,,,

Huarte: Um delirio de albergue. Daqui que escrevo estes post, sem pagar nada. Sao 4 euros a hospedagem, e deixo uma "caixinha" sem pestanejar.

Tomo um banho quente delicioso, espalho gel para as dores musculares que hao de chegar esta noite, tomo um Momendol para ajudar a alivia las e saio a rua na direcçao de um supermercado:
Duas latas de sardinha, 1 litro de suco de laranja, 1 baguete e meia, 2 iogurtes, 3 madalenas, queijos e pronto. Meu jantar foi esse, e a fome era tanta que comecei a abrir as embalagens ainda no caixa.

Por hora e isso. To cheio de sono.

Amanha pretendo chegar em Puente La Reina, e sei que tem uma subida que termina no Alto do Perdon. hehe

Buen camino peregrino!

Ja sao quase 22:ooh, e o albergue vai fechar as portas. Vou para o meu quarto, com 2 beliches,,, Deixo uma foto da paisagem dos Pirineus,,,

VIII - Pamplona - Saint Jean Pied Port


Ñ tive que pagar excesso de bagagem, mui bueno,,,
Cheguei em Pamplona no horário previsto, e na já na saída do aeroporto consegui um taxista para SJPP. Esta cidade é pequenina, mas muito charmosa e encantadora.

Logo em minha chegada, passei o maior aperto por ter que carregar a mala bike até que encontrasse o albergue dos peregrinos. Por sorte fica próximo de onde eu estava, que era o posto de informacoes turísticas.

Por fim cheguei no albergue. Carimbei minha credencial e tratei de montar a Lady Laura.
Umas regulagens no freio devido a ñ sei o que, e depois passei o resto da tarde a passear pela cidade e tirar umas fotos.

Pelas nove da noite ja estava na cama. Um quarto bem grande, que dividi com duas jovens japonesas, um jovem italiano, um casal de idade, canadenses, e a Marlene, uma figuraça, tambem do Canada, Vancouver. Nenhum deles em bicicleta.

Amanha começa a serio,,,

n.e.: Perdoem me os acentos, pois arranjei um notebook, mas ñ compreendo este teclado,,,

quarta-feira

VII - Vôo Lisboa - Pamplona


Tá quase,,,

São 03:00h e meu vôo é as 07:05h da matina. Iberia 3119, Lisboa - Pamplona, com escala em Madrid, e chegada prevista em Pamplona as 11:30h.

A bagagem está acomodada nesta mala bike, e ronda os 37kg. O limite é 20kg, e espero que a Iberia ceda à causa nobre peregrina e dispense o excedente ao pagamento de excesso de bagagem. Se a causa não for aceita, ainda vale tentar o "jeitinho brasileiro".

Não quero estender-me em Pamplona; é chegar lá e procurar um taxista que leve-me a Saint Jean Pied Port, em França. Cerca de uma hora, e aí sim, instalar-me no albergue, montar a Lady, umas voltas de reconhecimento na cidade e aquecer o estômago, por que de ferro, só a bicicleta.

No mais é descansar para enfrentar o dia seguinte, que é a dura subida através dos Pirineus, em direcção a Roncesvalles, já em Espanha; partindo de 160m sobre o nível do mar, para cerca de 1.400m, em menos de 19 Km.

Sinto o sono me chamando, mas também uma adrenalina gostosa, talvez resultante do meu sentimento de uma primeira etapa concluída.
Tão importante quanto todas que enfrentarei, lá no início, quando tomei a decisão de percorrer esta rota secular, com muitas histórias, lendas e curiosidades, vejo que comecei minha primeira etapa, e durou até a pouco, assim que fechei o zíper e passei o cadeado na mala.

Já não preocupo-me se esquecerei algo, já não revejo a lista dos itens 500 vezes, já não penso em nada, não faço nada, apenas escrevo e sigo sonhando acordado, a Ele entregando, confiando, aceitando e agradecendo.
Agradeço agora por permitir-me viver e realizar este caminho.

Buen camino peregrino!

sábado

VI - Planejamento das Etapas Diárias


O planejamento das etapas diárias acaba, quase sempre, de maneira diferente. Mas vou começar com uma previsão das cidades e "pueblos" que quero conhecer melhor, marcando no guia.

Para quem percorre o Caminho Francês a pé, são cerca de 30 dias de cajado nas mãos, fazendo uma média de 20 a 30 km diários.
Já em bicicleta, este mesmo percurso, varia: 11, 13, 16, ou mesmo 20 dias! Geralmente os que fazem em menos tempo depois arrependem-se.

Conciliar as etapas mais duras para as primeiras horas do dia, "sesta" nas horas de pico do sol, beber algo antes de sentir sede, comer antes de sentir fome, descansar antes de estar cansado. Espero que o caminho dite as minhas pedaladas, o meu ritmo.
Imagino-o em 16 dias, e 2 dias extras de bônus.
Fica uma média de 60 km/dia. Uns dias mais longos, outros menos.

Meu treinamento foi intensificado, pedalando distâncias com alforges carregados e em subidas. Alongamentos e, raramente, 4 ou 5 abdominais (não gosto muito) pela manhã e umas 10 flexões de braço ao fim do dia.
O caminho é feito por pessoas normais. Não posso esquecer-me disso!

O que quero esquecer são as possíveis dores, e rogo à Santiago, afinal vou visitá-lo, para que mantenham a trégua com meu cisto de Baker do joelho direito, com minha hérnia de disco na 3ª, e não menos, com a tendinite no antebraço esquerdo.
E mais nada!

Assim eu chego lá! Se Ele também quiser!

"Buen camino, peregrino."

V - Utensílios e Documentos

Utensílios:
Agulhas e linhas
Bloco de anotações
Bússola
Camera digital Fuji 6500fd
Caneta
Cadeados pequenos
Carregador de baterias
Telefone e carregador de telefone
Cartão de memória para fotos - 4 x 1 Gb
Filtros da camera digital e tripés
Garfo e colher
Guia do Caminho (El Camino de Santiago – Ed. Everest – José Maria Anguita Jaen. www.everest.es) Muito bom.
Pilhas recarregáveis - 8
Saco de dormir
Esteira
Sacos plásticos (para ensacar roupas sujas, etc.) - 4

Documentos:
Bilhetes aéreos
Carteira Federação PCUB
Carteira de saúde
Carteira de motorista
Cartão de crédito
Credencial do Peregrino
Passaporte
Xerox de tudo

IV - Vestuário e Higiene

Itens de vestuário:
Bermuda casual - 1
Bermuda ciclista - 2
Boné
Calça ciclista
Calça impermeável
Calça jeans
Camisa ciclista m/c - 2
Casaco ciclista
Capa de chuva/anorak
Havaianas
Cinto
Cuecas - 3
Luva ciclista - 2
Meias - 4
Óculos ciclista
Sunga
Ténis ciclista
Ténis confortável
Traveseiro mini
T-shirt m/c - 2
T-shirt m/l


Itens de higiene:
Barbeador
Cortador de unha
Creme dental
Escova de dente
Gel de banho com shampoo
Guardanapos (“emergências”)
Protector de ouvido (útil para dormir. “anti roncadores”)
Sabão lavar roupa
Toalha banho
Toalha “seca rápido”

III - Manutenção e Saúde

Peças de reposição e componentes da bike:
Alicate
Buzina
Cabos de câmbio - 2
Cabos de freio - 2
Cadarço
Cadeados pequenos - 2
Cadeado pra bike
Câmara de ar - 2
Canivete suíço
Chave allen
Chave inglesa peq.
Chave phillips
Chave de corrente
Ciclocomputer (Enduro - cat eye)
Elos de corrente
Escova limpa corrente
Extensores elásticos - 2
Farol
Isqueiro
Lanterna traseira
Luva de látex - 5
Detergente limpa corrente
Mala Bike - Para o transporte no avião
Óleo lubrificante
Pilha lanterna traseira
Pilhas farol
Pneu sobressalente
Reparo de pneu - 2
Sapatas de freio - 2 pares
Trapo de pano

Itens de saúde e primeiros socorros:
Ataduras
Band-aid
Beneron (gripe)
Betadine
Colírio
Iodo
Comprimidos: "Anti-diarréia", dores de cabeça e muscular, anti gripal
Esparadrapo
Gel relaxamento muscular
Pomada para assaduras
Gaze
Protector labial
Protector solar 40
Soro fisiológico
Vitaminas.


II - A Bicicleta

Para o planejamento de uma viagem deste tipo, se pretendemos aproveitar ao máximo o dia-a-dia, temos que estar atentos a alguns factores, pois qualquer vacilo,,, Desde a elaboração de uma rota diária aproximada, a preparação física, preparação da bicicleta e dos seus equipamentos, o vestuário adequado, primeiros socorros, higiene e alimentação.

Foram longas as horas de navegação na net em busca de informação, como longas foram as horas de leitura das experiências de quem já tinha percorrido o Caminho, de bike ou não, e também de busca de documentação e guias junto a algumas entidades.

Para o Caminho em bicicleta, o mais aconselhável é uma mountain bike, pois é mais versátil e resistente. Vai permitir ir “por la carretera” ou pelos caminhos de terra, inclusive os mais complicados. Opte por uma com suspensão dianteira (7), e esqueça as com suspensão traseira, que não são indicadas pois reduzem o rendimento em longas pedaladas.

A minha escolha foi por uma BH Sierra Nevada, comprada em 2005 já com o objectivo de percorrer comigo o Caminho. É uma marca espanhola que possui bons componentes e um quadro bem resistente, com preço competitivo.

É interessante notar algumas mudanças e acessórios na bike, para que muitas horas de pedal comprometam o menos possível as suas costas e articulações. É conveniente trocarmos o guidon e o avanço de guidon (5), instalando um conjunto mais elevado, que torne mais agradável o pedalar.

A Bolsa de guidon (1) será muito útil para as coisas que devem estar à mão (máquina fotográfica, óculos, documentos, mapas e guias, barras energéticas etc.).

Já com mil quilómetros rodados, foi necessário uma boa revisão na Lady Laura, para minimizar as “surpresas” desagradáveis. Pneus e câmaras novos, cabos de freio e de câmbio, limpeza, lubrificação e regulagem de todos os componentes.

Para uma viagem cicloturista, as mochilas com água não são as mais indicadas, pois com o tempo de pedal podem tornar-se incômodas. Instale os dois porta-garrafas (6), e leve consigo algumas pastilhas de isotônico. Existem suportes para bombas de ar que se prendem nestes mesmos parafusos dos porta-garrafas.

A bagagem vai montada em um bagageiro, que se fixa ao quadro da bicicleta.
Existem dois tipos, traseiro e dianteiro. Sendo que os mais indicados são os que possuem mais varetas, que protegem as rodas do contacto com os alforges.
Quanto aos alforges (2), existem de vários tamanhos, mas basicamente poderá encontrar com duas ou três bolsas independentes. Não improvise nestes itens pois poderá sair-lhe caro em uma viagem, colocando em risco a sua segurança. Prefira por tecidos mais resistentes, com protecções contra rasgos, e que venham com capas plásticas protectoras contra chuva e poeira.

Saco de dormir (3), que seja leve mas com qualidade, pois é nele que vai descansar,,, Uma esteira térmica (4) é aconselhável, pois ainda podemos utilizá-la para umas “sestas” no caminho.

Instalar um descanso (8) ajuda, pois nem sempre temos algo para encostar a bike.

Percorrer o Caminho em bicicleta vai te proporcionar conhecer melhor as regiões, pois poderá deslocar-se mais facilmente por trechos adjacentes,,,


quarta-feira

I - Introdução

Longas pedaladas, muitas subidas, bastante descidas,,,

Sacrifício, cansaço, solidão, meditação, o desconhecido, os medos, a saudade, o valor, o encontro, a aventura, o desporto, a natureza, a fraternidade, o êxtase, a benção. Essas são as palavras que mais vieram à minha mente quando decidi percorrer, há alguns anos, esta rota secular.

Pra quem não conhece muito sobre Caminho, perguntas e respostas logo abaixo,,,

Pra quem já conhece, este é mais um site, dentro das centenas existentes sobre o assunto, onde podemos encontrar a experiência de cada um.

Se você pensa em fazer este percurso em bicicleta, espero que as informações lhe sejam bastante úteis.

Bem vindo ao meu caminho!!


I - O que é o Caminho de Santiago?
É o caminho que foi criado pela passagem dos cristãos que saíam de todas as partes do mundo para rezar no túmulo do Apóstolo Tiago, encontrado na Galícia há cerca de mil anos atrás.

É a única rota no mundo que não foi formada por motivos comerciais.


II - Por que fazer o Caminho de Santiago?
Por vários motivos. Isto é muito pessoal.

Alguns irão fazer por motivos religiosos, outros por motivos místicos, artísticos, culturais, esportivos, por simples turismo, outros por aventura, outros para meditar, outros para conhecer pessoas, outros por promessa, e assim vamos.
Fazer o Caminho de Santiago deve ser importante e muito marcante na vida de qualquer um. Durante o Caminho, vamos conhecer dezenas de peregrinos, carregando dezenas de razões. Talvez possamos descobrir dezenas de "nós" mesmos.


III - Onde fica o Caminho de Santiago?
O Caminho de Santiago não tem início. Na Idade Média, os peregrinos partiam de todas as partes do mundo rumo à Santiago de Compostela.

Seu trecho mais conhecido é chamado de Caminho Francês, que atravessa a cordilheira dos Pirineus e penetra na Espanha pela região da Navarra (País Basco Espanhol) e mais seis regiões espanholas, em direcção oeste até a Galícia, onde se situa a cidade de Santiago de Compostela, capital galega.

Daqueles caminhos que partiam da Europa, fora da Península Ibérica, os principais que alcançam o território espanhol são o Francês e o Caminho Aragonês que se juntam poucos quilômetros adiante, numa cidade chamada Puente de La Reina.
Daí em até Santiago de Compostela, mantém o nome de Caminho Francês. Dentro da Península Ibérica vários são os caminhos a Santiago, como a Via de la Plata, o Português, o Primitivo, o Caminho do Norte e muitos outros.


IV - Como é o Caminho de Santiago?
É composto, na maior parte do trajecto, por trilhas de terra batida, barro, pedras, antigas calçadas romanas e hoje, por vezes, com as modernas rodovias (carreteras), ou caminhando paralelo a elas. Penetra em cidades e pequenas vilas ("pueblos"), que aparentam não terem saído ainda da Idade Média.

Em todo o Caminho a paisagem é deslumbrante, oferecendo uma surpresa a cada curva.


V - Como são os refúgios do Caminho de Santiago?
São locais de hospedagem e acolhida de peregrinos e são, na maioria das vezes mantidos pelas prefeituras, governos das províncias, pela Igreja e pelas Associações de Amigos do Caminho de Santiago. Existem alguns refúgios particulares, mantidos por pessoas devotadas e dedicadas à causa da peregrinação.

São quase sempre limpos e razoavelmente confortáveis. Não têm roupa de cama (alguns até têm); os peregrinos devem levar seus sacos de dormir e colocá-los sobre as camas ou beliches. Existem, em quase todos, duchas quentes, ou não, locais para a lavagem de roupa, murais para recados e avisos, livro de registro e livro dos peregrinos, onde todos registram suas impressões.
Os refúgios são cuidados pelos hospitaleiros.


VI - Quem são os hospitaleiros?
São ex-peregrinos voluntários que dedicam períodos de férias a trabalhar em refúgios, cuidando da sua administração. Em alguns refúgios, são padres, em outros são empregados das prefeituras.


VII - Onde começar o Caminho de Santiago?
Fica a sua escolha. Porém, existem lugares que tradicionalmente são marcados como início do Caminho de Santiago na atualidade.

No Caminho Francês, também costuma-se iniciar em Roncesvalles, já na Espanha.

Começar em Saint Jean Pied-de-Port, cerca de trinta e cinco quilômetros antes, na França, é bastante duro. Mas atravessar os Pirineus através da Rota de Napoleão, e aproveitar este pedaço do passado, que se faz presente, magnífico, deve mesmo compensar o esforço.


VIII - O que é o passaporte do peregrino, e como obtê-lo?
É a credencial do peregrino, enquanto estiver trilhando o Caminho de Santiago. Substitui os “salvo condutos” emitidos na antiguidade aos peregrinos, como um documento comprovando a sua boa fé, de forma que pudesse ser bem recebido por onde passasse.

Nele, o peregrino colherá os carimbos ("sellos"), nas cidades e pueblos por onde passar, para provar que cumpriu o trajecto mínimo para ter o direito a receber a chamada "Compostelana" (Certificado de conclusão do Caminho de Santiago).
Os últimos 100 km a pé ou 200 km em bicicleta já bastam para dar direito à Compostelana.


IX - O que é o Certificado Compostelano?
Conhecido como a "Compostelana", é emitido no escritório de recepção de peregrinos em Santiago de Compostela; é a prova de ter cumprido o Caminho de Santiago.


X - É possível se perder no Caminho de Santiago?
É praticamente impossível. São inúmeros os "roteiros" do Caminho de Santiago que são vendidos em todas as partes. Mas mesmo que você não adquira nenhum deles, as setas amerelas estão em todos os lugares para indicar o Caminho. Nas árvores, nas porteiras, no chão, nas paredes, nas pedras. Em todos os cantos se vêm as setas amarelas. Além do mais, os "pueblos" são muito próximos uns dos outros, e sempre existe alguém para dar uma indicação.


XI - Qual é a melhor época do ano para se fazer o Caminho de Santiago?
Primavera ou no outono europeus.
No inverno, nem pensar. No verão, além de ser muito quente em boa parte da região atravessada, há uma superlotação do Caminho de Santiago. Muita gente em férias, os albergues ficam cheios demais.


XII - Que tipo de pessoas você encontra percorrendo o Caminho de Santiago?
Gente de todas as partes do mundo, de todas as idades e de todas as classes sociais:
austríacos, alemães, belgas, franceses, ingleses, dinamarqueses, colombianos, brasileiros, argentinos e tantos outros, cada qual com sua história para contar, empolgados com as belezas e estimulados com as forças do Caminho de Santiago de Compostela.

,,,